sábado, 12 de junho de 2010

Hoje é dia oficIal dos namorados!

Sem planos

Sem companhia física

Quem sabe ao menos em mente

Se tem

A pretendida?

segunda-feira, 7 de junho de 2010

O Tempo Em Que Ouço

de Ronaldo DeBoer

Mesmo que dure um olhar sereno que seja,
é uma incógnita que se abre para o infinito
me deslumbro por isso
insólito me firo e insípido insisto à razão

e entre o riso lisonjeiro e a ardência impulsiva
fico a deriva: não há saída e tendo sentindo-a
friso que o que passo a pensar sobre aquele breve olhar
é o filme de uma vida inteira

como um fogo de rosas vermelhas
que se abre em leque
e me intriga a cogitar o quanto é difícil
para eu poder suportar

mesmo que não seja o instante adequado
o fato de quando voltarei a sentir essa torrente
lapso eterno
que dura o tempo em que ouço

a passagem do olhar
este me espreita e me acende sou um novo inquilino
e o juízo pediu as contas e foi-se embora
ou jaz e não fará nenhuma falta.

sábado, 5 de junho de 2010

EU TE AMO - Tom Jobim / Chico Buarque

Ah, se já perdemos a noção da hora
Se juntos já jogamos tudo fora
Me conta agora como hei de partir

Ah, se ao te conhecer
Dei pra sonhar, fiz tantos desvarios
Rompi com o mundo, queimei meus navios
Me diz pra onde é que inda posso ir

Se nós nas travessuras das noites eternas
Já confundimos tanto as nossas pernas
Diz com que pernas eu devo seguir

Se entornaste a nossa sorte pelo chão
Se na bagunça do teu coração
Meu sangue errou de veia e se perdeu

Como, se na desordem do armário embutido
Meu paletó enlaça o teu vestido
E o meu sapato inda pisa no teu

Como, se nos amamos feito dois pagãos
Teus seios ainda estão nas minhas mãos
Me explica com que cara eu vou sair

Não, acho que estás te fazendo de tonta
Te dei meus olhos pra tomares conta
Agora conta como hei de partir.

Marília de Dirceu - Tomás Antônio Gonzaga

Fragmentos do Poema Lírico

MARÍLIA DE DIRCEU

Não sei, Marília, que tenho,
depois que vi o teu rosto, 
pois quando não é Marília
já não posso ver com gosto.
Noutra idade me alegrava,
até quando conversava
com o mais rude vaqueiro:
hoje, ó bela, me aborrece
indo a trato lisonjeiro
do mais discreto pastor.
Que efeitos são os que sinto?
Serão efeitos de amor?
Saio da minha cabana
sem reparar no que faço;
busco o sítio aonde moras,
suspendo defronte o passo.
Fito os olhos na janela;
aonde, Marília bela,
tu chegas ao fim do dia;
se alguém passa e te saúda,
bem que seja cortesia,
se acende na face a cor.
Que efeitos são os que sinto?
Serão efeitos de amor?

Se estou, Marília, contigo,
Não tenho um leve cuidado;
Nem me lembra se são horas
De levar à fonte o gado.
Se vivo de ti distante,
Ao minuto, ao breve instante
Finge um dia o meu desgosto;
Jamais, pastora, te vejo
Que em teu semblante composto
Não veja graça maior.
Que efeitos são os que sinto?
Serão efeitos de amor?
(...)

Vou retratar a Marília,
a Marília, meus amores;
porém como Se eu não vejo
quem me empreste as finas cores:
dar-me a terra não pode;
não, que a sua cor mimosa
vence o lírio, vence a rosa,
o jasmim e as outras flores.
Ah! Socorre, Amor, socorre
Ao mais grato empenho meu!
Voa sobre os astros, voa,
Traz-me as tintas do céu.
Mas não se esmoreça logo;
Busquemos um pouco mais;
Nos mares talvez se encontrem
Cores que sejam iguais.
Porém, não, que em paralelo
da minha ninfa adorada
pérolas não valem nada,
não valem nada os corais.
Ah! Socorre, Amor, socorre
Ao mais grato empenho meu!
Voa sobre os astros, voa,
Trazer-me as tintas do céu.
Só no céu achar-se podem
tais belezas como aquelas
que Marília tem nos olhos,
e que tem nas faces belas;
mas às faces graciosas,
aos negros olhos, que matam,
não imitam, não retratam
nem auroras nem estrelas.
Ah! Socorre, Amor, socorre
Ao mais grato empenho meu!
Voa sobre os astros, voa,
Traze-me as tintas do céu.

Entremos, Amor, entremos,
entremos na mesma esfera;
venha a deusa de Citera.
Porém, , não, que se Marília
no certame antigo entrasse
bem que a Paris não peitasse,
a todas as três vencera.
Vai-te, Amor, em vã socorres
Ao mais grato empenho meu:
Para formar-lhe o retrato
Não bastam tintas do céu.
(...)

Eu, Marília, não sou algum vaqueiro,
Que viva de guarda alheio gado,
De tosco trato de expressões grosseiro,
Dos frios gelos e dos sóis queimado.
Tenho próprio casal e nele assisto;
Dá-me vinho, legume, fruta, azeite;
Das brancas ovelhinhas tiro o leite,
E mais finas lãs de que me visto.
Graças, Marília bela,
Graças à minha estrela!
Eu vi o meu semblante numa fonte:
Dos anos inda não está cortado;
Os pastores que habitam este monte
Respeitam o poder do meu cajado.
Com tal desprezo toco a sanfoninha,
Que inveja até me tem o próprio Alceste:
Ao som dela concerto a voz celeste
Nem canto letra, que não seja minha.
 Graças, Marília Bela,
Graças à minha estrela.
Mas tendo tantos dotes da ventura,
Só apreço lhes dou, gentil pastoras,
Depois que o teu afeto me segura
Que queres do que tenho ser senhora.
É bom, minha Marília, é bom ser dono
De um rebanho que cubra monte e prado;
Porém, gentil pastora, o teu agrado
Vale mais que um rebanho e mais que um trono.
          Graças, Marília bela,
          Graças à minha estrela!
Leve-me a sementeira muito embora
o rio sobre os campos levantado:
acabe, acabe a peste matadora;
sem deixar uma rês, o nédio gado.
Já destes bens, Marília, não preciso:
nem me cega a paixão, que o mundo arrasta;
para viver feliz, Marília, basta
que os olhos movas e me dês um riso
Graças, Marília bela,
Graças a minha estrela!
(...)

Eu, Marília, não fui algum Vaqueiro,
Fui honrado Pastor da tua aldeia;
Vestia finas lãs e tinha sempre
A minha choça do preciso cheia.
Tiraram-me o casal, e o manso gado,
Nem tenho a que me encoste, um só cajado.
para ter que te dar, é que eu queria
De mor rebanho ainda ser o dono;
Prezava o teu semblante, os teus cabelos
Ainda muito mais que um grande Trono.
Agora que te oferte já não vejo
Além de um puro amor, de um são desejo.
(...)
Minha bela Marília, tudo passa;
A sorte deste mundo é mal segura;
Se vem depois dos prazeres e desgraça.
Estão os mesmos Deuses
Sujeitos ao poder do ímpio Fado:
Apolo já fugiu do Céu brilhante,
Já foi pastor de gado.
A devorante
mão da negra Morte
Acaba de roubar o bem que temos;
Até na triste campa não podemos
Zombar do braço da inconstante sorte:
(...)
Ah! Enquanto os Destinos impiedosos
Não voltam contra nós a face irada,
Façamos, sim, façamos, doce amada,
Os nossos breves dias mais ditosos.
(...)
Nesta triste masmorra,
De um semivivo corpo sepultura,
Inda, Marília, adoro
A tua formosura.
Amor na minha idéia te retrata;
Busca, extremoso, que eu assim resista
A dor imensa, que me cerca e mata.

quando em meu mal pondero
Então mais vivamente te diviso:
vejo o teu rosto e escuto
A tua voz e riso.
Movo ligeiro para o vulto os passos:
Eu beijo a tíbia luz em vez de face.
E aperto sobre o peito em vão os braços.

Conheço a ilusão minha;
A violência da mágoa não suporto;
Foge-me a vista e caio
Não sei se vivo ou morto.
Estremece-me Amor de estrago tanto;
Reclina-me o peito e, com mão terna.
Me limpa os olhos de salgado pranto.
Depois que represento
Por largo espaço a imagem de um defunto,
Movo os membros, suspiro,
E onde estou pergunto.
Conheço então que Amor me tem consigo;
Ergo a cabeça, que inda mal sustento,
E com doente voz assim lhe digo:
- Se queres ser piedoso,
procura o sítio em que Marília mora,
pinta-lhe o meu estrago,
e vê, Amor, se chora.
Se a lágrima verter a dor a arrasta,
Uma delas me traze sobre as penas,
E para alívio meu só isto basta.

[Tomás Antônio Gonzaga]

sexta-feira, 4 de junho de 2010

A Carta

Uma vez na Inglaterra, discutindo acerca da planta da casa, a senhora se lembrou de não ter visto o "WC". Escreveu, portanto, imediatamente ao pastor reverendo para obter tal pormenor.




A carta foi escrita assim:

"Gentil Pastor,

    Sou membro da família qual há pouco o visitou a fim de alugar sua propriedade no próximo verão. Mas, como nos esquecemos de um detalhe, muito agradeceríamos se nos informasse onde se encontra o 'WC'..."

Julgando o pastor tratar-se da capela "White Chapel", respondeu assim:


"Gentil Senhora,

Recebi sua carta e tenho o prazer de comunicar-lhe que o local a que se refere fica a doze quilômetros da casa. E isto é muito cômodo, sobretudo se tem o hábito de ir frequentemente; neste caso, é preferível levar comida para ficar o dia todo. Alguns vão a pé, outros de bicicleta. Há lugar para 400 pessoas sentadas e 100 em pé. O ar é condicionado para evitar inconveniências de aglomerações. Os assentos são de veludo e recomenda-se chegar cedo para pegar lugar sentado. As crianças sentam-se ao lado dos adultos e todo cantam em coro. Na entrada, é fornecida uma folha de papel para cada pessoas, mas, se alguém chegar depois da distribuição, pode usar a folha do vizinho. do lado. Tal folha deveria ser restituída para ser usada todo mês. existem também amplificadores de som. Tudo é recolhido para as crianças pobres da região. Fotógrafos especiais tiram fotos para os jornais da cidade de modo que todos possam ver seus semelhantes no cumprimento de um dever tão humano.

Atenciosamente. . ."


quinta-feira, 3 de junho de 2010

Remake Fúria de Titãs e seu original

Fúria de Titãs


Remake do original de 1981. No filme, Perseu (Sam Worthington), filho de Zeus (Liam Neeson), guerreiro criado entre os homens, que vê sua família mortal ser consumida por Hades (Ralph Fiennes), o deus do inferno. Sem nada a perder, Perseu reúne um grupo de aliados para desafiar os deuses e seu destino.Fúria de Titãs será em 3-D e tem nova data de estreia.


Confira a lista dos TOP 10 que o site ADORO CINEMA disponibilizou.









Overview



Título original: (Clash of the Titans, Eua, 2010)
Gênero:
Censura: 14 anos
Tipo: Legendado
Duração:106 min
URL:
Data de estréia: 21/05/10
Diretor:Louis Leterrier
Elenco: Liam Neeson (Zeus), Sam Worthington (Perseus), Gemma Arterton (Io), Mads Mikkelsen (Draco), Ralph Fiennes (Hades), Danny Huston (Poseidon), Alexa Davalos (Andrômeda).

O Beijo



Posto aqui um trecho daquele que considero a descrição mais perfeita de um beijo. A sutileza e a intenção daquela que é a maior das demonstrações de afetividade. Queira ou não, sendo no começo ou no fim, é o beijo que decide!




"Toco a sua boca, com um dedo toco o contorno da sua boca, vou desenhando essa boca como se estivesse saindo da minha mão, como se pela primeira vez a sua boca se entreabrisse, e basta-me fechar os olhos para desfazer tudo e recomeçar. Faço nascer, de cada vez, a boca que desejo, a boca que a minha mão escolheu e desenha no seu rosto, e que por um acaso que não procuro compreender coincide exatamente com a sua boca, que sorri debaixo daquela que a minha mão desenha em você.

Você me olha, de perto me olha, cada vez mais de perto, e então brincamos de cíclope, olhamo-nos cada vez mais de perto e nossos olhos se tornam maiores, se aproximam uns dos outros, sobrepõem-se, e os cíclopes se olham, respirando confundidos, as bocas encontram-se e lutam debilmente, mordendo-se com os lábios, apoiando ligeiramente a língua nos dentes, brincando nas suas cavernas, onde um ar pesado vai e vem com um perfume antigo e um grande silêncio. Então, as minhas mãos procuram afogar-se no seu cabelo, acariciar lentamente a profundidade do seu cabelo, enquanto nos beijamos como se tivéssemos a boca cheia de flores ou de peixes, de movimentos vivos, de fragância obscura. E se nos mordemos, a dor é doce; e se nos afogamos num breve e terrível absorver simultâneo de fôlego, essa instantânea morte é bela. E já existe uma só saliva e um só sabor de fruta madura, e eu sinto você tremular contra mim, como uma lua na água."

Julio Cortázar