sábado, 26 de fevereiro de 2011

Na jornada

E os meus sentimentos sempre fizeram-se recorrentes como um Rio que segue seu curso até o Mar.
Mar inquieto, desconfiado pela dor, demora em receber o curso do Rio. Este, antes impetuoso, agora receia pelas comportas de saída para o Mar estarem fechadas novamente. Antes, hospitaleira, apanhava o Rio pelos braços. A sua paixão, vontade de tê-lo em seu abraço descabelando-a e arrepiando-a toda era tamanha que assim cativou o Rio a ser maior, mais rápido e a mudar de ares, abrigando mais vida. O Mar formava o Rio na cumplicidade do tempo: não tinha hora nem tempo, era simples a fórmula de bem-querer de ambos. O Rio sossegado, levava seu todo para o Mar com tanto esmero e isso era tão bom e verdadeiro. Sentem saudades um do outro, mas o Mar se camufla pelas bordas, abstrai-se ao invés de casar o Rio, se resume a horizonte distante mesmo dando sinais claros de saudades ininterruptas _ fenômeno espelhado. Porém, através do vento, o Mar atravessa a solidão e o silêncio com o seu aroma que suscita a devida coragem do Rio fugir da morte: precisa, então, ter o Mar novamente e, assim, o enlace se restabelecerá. Juntos, Mar e Rio passarão a ser oceano, onde a vida recomeça a cada instante com o ímpeto da novidade, do primeiro beijo, fruta madura. E onde os espaços serão todos ocupados pelo olhar compenetrado daqueles que se amam desde sempre.


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